domingo, 17 de janeiro de 2010

Santa Maria de Eunate


Num lugar isolado a uns 2 km da povoação de Obanos, desviando-se um pouco do caminho que conduz directamente a Puente la Reina, durante aquela que será a quarta etapa (teoricamente), encontramos este lugar que é considerado com um dos mais singulares e emblemáticos de todo o Caminho - Santa Maria de Eunate.

Esta igreja tem uma lenda que achei curiosa e interessante e que numa partilha de cultura popular, divido convosco.

A lenda de Eunate-Olcoz

Narrado por um mestre pedreiro

"Quando eu fui incumbido de esculpir a entrada da igreja de Santa Maria de Eunate senti-me lisonjeado. Decidi trancar-me longe de tudo a ver se me vinha inspiração divina para que pudesse criar uma obra prima, mas quando regressei reparei que um pedreiro gigante havia completado o trabalho que me tinha sido encomendado.

Indignado, fui visitar o abade, que não quis ouvir as minhas explicações e fez questão de tornar claro que a minha ausência foi considerada uma falta de respeito para com os monges e ele próprio. Como castigo, ele ordenou-me que esculpisse um trabalho idêntico, que eu teria de fazer no mesmo tempo que o gigante demorou: três dias, nem mais nem menos.

Em desespero, dada a importância da tarefa, embrenhei-me na floresta com a firme intenção de invocar o diabo. Contudo, a bruxa de Laminak teve pena de mim e revelou-me um segredo mágico que resolveria o meu problema.

Seguindo o seu conselho, eu tentei arranjar uma pedra de lua que uma grande cobra segurava na sua boca. Teria de deitar essa pedra para o leito do rio durante a noite de São João (que coincidiria por aquela zona com o Solstício de Verão).

Com a luz da lua a reflectir naquela pedra, eu assisti ao milagre. Mas algo correu mal, a fachada do edifício estava de trás para a frente, como uma imagem reflectida no espelho. As pessoas estavam espantadas e o gigante furioso, deu um pontapé tão forte na igreja que esta foi parar numa povoação vizinha.

Aos que de vós forem curiosos devem saber que podem admirar o meu trabalho na igreja de Olcoz, com a mesma fachada mais ao contrário da Igreja de Santa Maria de Eunate."

Não sei que tipo de moral se poderia tirar desta lenda, mas aplicando-a a esta aventura, há coisas que não vale muito a pena nos pormos a pensar, mais vale dedicar-mo-nos logo a fazê-las, porque por vezes ao pensarmos demais perdemos a nossa oportunidade ou desistimos antes de as fazer.

Porém esta etapa não terá terminado sem um momento alto... ficará para amanhã!

Família | Family

Nota: Ontem devia ter postado, mas foi um dia atribulado e acabei por não conseguir. Este post não estava nos planos de aparecer aqui, mas como levei o caderno comigo para este almoço de família, e se hoje em dia tiver uma oportunidade para esboçar mais umas tentativas de desenhos, assim o farei.

16 de Janeiro de 2010, a minha mãe comemorou mais um aniversário, e os meus irmãos tiveram a ideia de lhe proporcionar um almoço com vista para coisas que ela tanto gosta de contemplar: o mar e gaivotas.

Devo dizer que me soube bem ir almoçar com a família a um local diferente fora dos locais de rotina habitual. Faz bem sair e apanhar outros ares, refrescam-se as ideias e instala-se o bem-estar.
Não me vou alongar muito sobre a importância que a família tem na vida de uma pessoa, porque como toda a gente sabe, tem e muita. Desde a educação, valores, alegria, conhecimento, convívio, é ela que mal ou bem nos prepara para vida, talvez não na totalidade mas pelo menos na sua base e essência.

Entre muitas pessoas que tenho importantes na vida, sinto que seria especial para mim ter os meus pais e irmãos à espera naquela praça com pedra por todo lado, mas onde nunca se sente o frio, porque o calor das emoções de quem peregrina enchem e aquecem aquela praça, diria que diariamente.

Este dia que passou foi um bom dia, para renovar o espírito que por mais que se envelheça, e a idade avança, é no aproveitar o que temos à nossa volta que os dias se enchem de significado, e é nestes dias que damos valor em estarmos aqui, vivos com um mundo de oportunidades, de escolhas e caminhos a percorrer. Uma vida, duas vidas, muitas vidas, caminhos cruzados, interligados nos laços que se estabelecem sem querer, a partir do dia em que soltamos o nosso primeiro grito, ou o nosso primeiro choro. Foi um bom dia comecei a festejar com a família e acabei a festejar a vida com amigos.

Vida!