quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Puente la Reina

A quarta etapa terminará em princípio na povoação de Puente la Reina.
É uma vila ainda na Província de Navarra, situada a 20 km de Pamploma, á cota de 346 metros. Ali está-se sob influência do clima Mediterrânico-Continental. Nela habitam 2300 habitantes.
Lá o peregrino pode contar com multibanco e posto de turismo.

É aqui que se junta o caminho aragonês com o caminho francês. O desenvolvimento da vida ao largo dos anos desenvolveu-se em torno do Caminho. Daí as disposição das suas ruas serem paralelas a Calle Mayor, com travessas estreitas que as ligam. Puente la Reina tem um grande ambiente medieval graças aos seus monumentos e ruas.

Esta povoação do vale de Olzarbe deve o seu nome à ponte construída por ordem da Rainha Dona Mayor, esposa de Sancho III, O Grande de Navarra durante o século XI, com a intenção de facilitar a travessia do rio Arga aos peregrinos.

Acho que pelo menos a volta habitual ao final do dia terá o seu encanto... mais um recanto a conhecer.

Mais um pensamento que me vai assolando a cabeça é esperar conseguir ir chegando aos locais em condições para conhecer as povoações... mas isso daqui a pouco mais de 5 meses saberemos.

On your marks, get set, go...! Bolas ainda não é agora.

Ontem perdi -me... | I got lost yesterday...

Neste post não há desenho a acompanhar, mais tarde farei um que encaixe aqui.

Ontem! Ontem perdi-me a ler o diário de um peregrino português que fez o caminho francês em 2007, queria ter uma ideia aproximada do esforço de efectuar o caminho... ao que me deparei com um cenário de dificuldades extremas, sobretudo físicas.
Fiquei alertado para problemas de tendões, musculares, desidratação, quebras de tensão, insolação, queimaduras solares, problemas digestivos, etc. Ok, não vou poder facilitar. Na farmácia tenho de me prevenir, com sais e açucare, comprimidos com magnésio para os tendões, voltaren rapid, algum comprimido que forre o estômago da agressividade que os anti-inflamatórios poderão ter, talvez uma embalagem de reumon-gel, vaselina para untar bem os pés antes e depois de caminhar, compeeds, agulha e linha, betadine pequeno, ben-u-ron, imodium (ou muita coca-cola) e o fundamental protector-solar.

Sobretudo tenho de ter a consciência que tenho de beber muita água e comer bem, muito bem. A pessoa que fez o caminho em 12 dias tinha perdido 5 kilos por descuido e algum facilitismo, perder esse peso eu até agradecia mas passar mal por isso, acho que dispenso. Acho que uma pessoa fica absorvida com o chegar e com o resto da vivência de tal forma que por vezes se esquece de comer e beber água aos litros.

E agora também me ponho a pensar se ele apanhou temperaturas abrasadoras em Setembro, pergunto o que me poderá esperar em Julho? Mas com tanta alteração climática pode ser que no sentido perfeito para caminhar apanhasse uns dias frescos e amenos... como eles costumam dizer... "Vai sonhando!"

Acho que tenho de me preparar bem fisicamente nos próximos 5 meses, dar mais uso ao ginásio e dar regularidade a caminhadas. E fazer vários testes de mochila às costas, e fazer a mochila várias vezes até lhe optimizar o peso da carga... ou então como costumo dizer... simplesmente vou e pronto...

Após ter lido o diário dos seus 31 dias até Santiago, algumas questões ficaram ainda por esclarecer na minha cabeça. Sobretudo a questão da segurança, claro que não me passa ser roubado em pleno albergue, mas já ouvi histórias, que pelo menos deixam a pulga atrás da orelha. E sim fez em 31 dias, e várias vezes efectuou etapas de 40 km, eu só tenho 28 a 29 dias.,
Já pondero em arranjar mais uns 2 dias de folgas ou férias que possa juntar a este role de dias seguidos, e em vez de partir dia 24 partiria dia 22 de Junho, para que dia 24 estivesse verdadeiramente com os pés no Caminho. Isto caso exista comboio do sud-express nesse dia.

Apreendi que o convívio será ponto assente de ser vivido como se fosse sempre o último momento, porque todos os dias vamos perdendo alguém que deixamos para trás ou parte para a nossa frente. Sempre que esticamos etapas como foi descrito entramos num universo paralelo, num outro grupo de pessoas que partiu noutra altura diferente da nossa. Sempre que fazemos isso é como entrar numa nova realidade, onde pontualmente alguém estica o passo também e nos trás memórias dessa outra realidade paralela.

Penso que ao longo destes dias irei divagar ainda muito mais acerca do vou lendo, das experiências que vou absorvendo, não querendo que influenciem a minha, porque por certo quando a estiver a viver não vou ter a mínima lembrança de todos os detalhes lidos... e ainda bem... para que aquele caminho possa ser o meu.

É justo dizer, embora não conheça, obrigado Rui pela partilha do teu caminho. Umas noções a mais de como poderá ser a experiência dão sempre jeito e mais algum alento.

Para terminar ficou-me na memória uma frase que talvez seja o melhor conselho que se pode dar alguém com esta ambição:

"Camina como un viejo para llegares joven a Santiago"