terça-feira, 29 de junho de 2010

27º Sinal | Uns a pé, outros de cavalo, e o clube dos coxos de autocarro



Depois de uma despedida musical do albergue de Logroño proporcionada mais uma vez pelo Sérgio Godinho versão Bernardo, resultado, duas hospitaleiras de lágrimas nos olhos. E ainda deu para ouvir um elogio que ontem tinha feito a diferença pelo jantar e pela alegria proporcionada a todos. Foi bom sentir que a minha maneira de ser acaba por ser útil. À medida que o tempo vai passando os laços e os contactos vão-se estreitando, e como alguns vão partindo de regresso pelas mais diversas situações surgem as conversas que na maior parte das vezes depois não dá em nada, mas por enquanto já se fala em nos visitarmos uns aos outros em Bilbao, Madrid, Aveiro, etc. É o abrir das portas de tua casa, e o abrir das portas do mundo inteiro para ti. Hoje mais uma vez tive de dar uma mãozinha ao casal americano que nos acompanha desde ontem devido ao mau estado dos pés da senhora.
Bem, hoje sigo viagem até Najera, a ver o que este caminho diferente me traz hoje. A vida é bela de mochila às costas.

26º Sinal | A tortilha do caminho

Bem hoje o dia foi animado aqui para o menos válido, como se diz aqui por estes lados. Animado no sentido que mal parei desde o último sinal que enviei. Este albergue paroquial tem um bom princípio de tornar as tarefas comunitárias, mas a meu ver com algumas deficiências no acolhimento... Sou um incentivador da alegria, e quando limitam o bom ambiente por questões que podiam ser toleradas facilmente sem ondas mas vá não interessa. Juntamente com o Salvador, um senhor excelente deste pais vizinho, fizemos as deliciosas tortilhas para os mais de trinta peregrinos e hospitaleiros do albergue, claro que tivemos ajuda a descascar os ingredientes, dez quilos de batatas, não sei quantas cebolas e pimentos. O resultado final foi uma excelente refeição elogiada pela hospitaleira, mas o mérito é do Salvador o especialista das tortilhas. Deu para eu colocar toda a gente animada antes do jantar com uma guitarrada. Pelo final da noite, eu mais meia dúzia de amigos fomos para a rua com a guitarra, onde pude tocar música portuguesa dos Deolinda, e na despedida de uma família de peregrinas de Valência, esteve presente o Sérgio Godinho, com o "parto sem dor". Começam a ficar interessados pela língua portuguesa os companheiros de caminho castelhanos. No meio disto tudo tenho desenvolvido uma relação com uma avó que arranjei por afinidade, uma senhora de setenta anos, galega emigrada na Dinamarca, que me tem tratado com um carinho especial desde o primeiro dia. Assim foi mais um dia da vida é bela com ou sem mochila às costas.

25º Sinal | O sentido alternativo do caminho em Logroño



Depois de guia e animador turístico do clube dos coxos nesta bela cidade de Logroño, entre idas à farmácia e albergue viemos almoçar à Praça do Mercado e provar o vinho da Rioja, que não é nada de extraordinário... Bebe-se bem com gasosa La Casera. É uma cidade com um centro histórico bonito... Nota-se muita presenca muçulmana na rua, tem vida própria. Até agora há um apontamento sobre todas as cidades e vilas pelas quais passámos... Tem sempre alguma coisa do centro histórico em obras. Ainda assim vale a pena para um momento de convívio numa esplanada a beber um copo de vinho. Isto também faz parte da vivência peregrina... A descoberta dos outros e das outras culturas. Mas no fundo é a descoberta de ti mesmo quando te integras com os outros e sozinho. A vida é bela de mochila às costas. Ps: parece que vou fazer o jantar para trinta pessoas.