quinta-feira, 8 de julho de 2010

39º Sinal | Dia de 30 km a fazer entre Terradilla dos Templários e Burgo de la Renera



Alvorada às quatro da manhã, apenas com três horas e meia de sono. Porque ainda tive de embalar ao som do valente ressonar do Maxi. Tudo arrumado, quase a pôr-me ao caminho quando no meio do escuro dou um passo em falso e dei uma queda de uma altura suave de meio metro, mas estatelei-me no chão. Susto refeito, fiz-me ao caminho com os colegas de caminho de hoje, Julian, José e Dani. Pela madrugada é maravilhoso andar, fresco e a luz do raiar do sol é qualquer coisa que nos faz pensar que se fosse sempre assim seria fácil. Tudo correu bem até o sol começar a apertar nas últimas duas horas de etapa, entre as 10 e pouco e o meio dia e qualquer coisa. O calor arrasou com qualquer energia que pudesse haver, mas foi bom ao chegar, ter ocorrido a casualidade de que um senhor regava a relva em frente ao albergue e pude refrescar os pés. Durante os 30 km de hoje partilhei o caminho com os três mosqueteiros franceses, senhores na casa dos sessenta anos que são da Região da Normandia, temos cruzado e falado bastantes vezes, já os retratei fotograficamente, um dia partilharei.
O mal deste dia foi que o grupo começou a dividir-se, uns ficaram numa aldeia uns 10 km atrás. E separámo-nos sem dar por ela e sem nos despedir, resta a esperança de pelo menos poder recêbe-los em Santiago, se não for antes. Ontem despedi-me das duas irlandesas, ainda que trocámos números e vamos falando e quanto mais não seja estaremos juntos em Santiago também. Provavelmente virão a Portugal para a Exposição de Fotografia. As despedidas são o lado triste do caminho. O Caminho é o viver o ciclo de uma vida inteira num mês apenas, porque passamos por tudo o que vida nos pode proporcionar. Por isso tudo é tão forte, intenso e vivido e tudo custa mais que o normal. Companheiros de caminho estou convosco. Até já. A vida é dura mas bela e rica de mochila às costas. Amanhã quase 40 até Leon.