quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pontes... | Bridges...

Falta menos um dia para que eu parta. É em alturas como esta que vem aquela velha máxima, que os nossos amigos do costume, eles, costumam tanto dizer: "Quanto mais depressa, mais devagar." Se as contas não me falham faltam 162 dias, para estar enfiado no comboio rumo aos Pirenéus.

Hoje experimentei canetas tipo pincel, uns marcadores um pouco mais sofisticados com muito potencial por explorar. Coincidentemente a imagem que escolhi relativamente à anterior tem também uma ponte. Trata-se da ponte de uma das vilas da terceira etapa entre Larrasoaña e Pamplona, a povoação chama-se Trinidad de Arre.
Para informações práticas de quem poderá fazer o caminho, interessarão as seguintes informações: é uma vila da província de Navarra, à cota de 430 m, localizada a 4 km de Pamplona. O clima que se faz sentir é de influência Pirenaica. Possui 6993 habitantes. E tem á disposição caixas multibanco e bancos. Nesta pequena localidade, pode-se visitar a Igreja da Santíssima Trindade, do século XIII, que antigamente tinha o papel de hospital, e ainda o antigo convento dos Irmãos Maristas onde agora funciona o albergue.

Quem parte assim para alguma coisa, mesmo que seja no simples acto de sair à rua está sujeito a muitas vezes ter de atravessar pontes. Já que o nosso planeta está coberto em 3/4 da sua totalidade por água, onde se incluem os oceanos, rios, ribeiros e torrentes que obrigam-nos muitas vezes a que se queremos avançar para a outra margem temos de construir as ditas pontes.
Mas quem diz pontes, diz ligações. E o Homem não é ninguém sem estabelecer ligações, laços de amor, amizade, companheirismo, empatia, laços das mais variadas cores e feitios, intensidades e sensações, e sim está sujeito a isso quando sai da sua toca. Com este pensamento vem-me sempre aquela frase batida: "Nenhum homem é uma ilha."
Quando alguém parte para algo assim, mesmo que não espere nada, por certo enriquecerá a sua rota com muitas pontes dos vários tipos, sobretudo das que são erguidas com amizade e companheirismo. Hoje tenho a sensação que as pontes que se edificarem neste caminho serão pontes com construção sólida para a vida. E não serão como outras que aparentemente de alicerces fortes, se desmoronam com a correnteza das águas que a chuvas intensas do inverno trazem, e que acabam por se tornar efémeras.
Penso que as que se criarem nesta longa travessia, serão daquelas que não precisam de visitas de manutenção, que mesmo com descuido na presença e visita, se manterão de pé para sempre. E estas sim valerão a pena de contemplar, nem que seja de longe, porque da simplicidade, nasce a sua robustez e imponência.
Quando fui a Finisterra com mais cinco amigos, criámos as pontes a que hoje se chama família Rebentos de Oliveira, numa homenagem ao celebrante da missa do peregrino em Santiago de Compostela do dia 24 de Julho de 2009, que pediu aos peregrinos que fossem condutores de paz, que fossem rebentos de oliveira.
Mas nesta ida a Finisterra a pé também foi criada mais uma ponte daquelas simples e robustas, como o Sr. Gilbert Rihet, 62 anos, francês, habitante de uma vila perto de Rennes, na província da Bretanha no norte de França, que um dia decidiu colocar a mochila às costas e bater com a porta de casa e durante quase 12 semanas, percorreu cerca de 1792 km, desde sua casa até Santiago de Compostela e de lá até ao fim do mundo (Finisterra).
Esta ponte inspirou-me em parte a fazer este caminho, e pontualmente de Julho para cá, é figura presente numa mensagem, telefonema ou email em que se partilha todo o apreço e amizade de breves e escassos momentos de alguns passos dados juntos no mesmo caminho.

Do nada, buscamos uma pedra e outra e outra, e construímos uma ponte para chegarmos lá... onde quisermos!

Eu quero, e tu?

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